Utilizar 20017 como base comparativa em análises de desempenho de qualquer setor da atividade econômica, com raríssimas exceções, é algo muito arriscado pelo simples fato de ser o ano em que ainda estávamos cavando o fundo do poço da mais severa crise econômica que assolou a renda dos brasileiros(as) e lançou a nação em quase 8% de perda do PIB nacional.
Com os agregados da economia do Turismo não é diferente, afinal o mundo das viagens é extremamente sensível ao comportamento da economia de qualquer país e somente analisando esses números podemos abstrair as emoções que alguns políticos costumam tratar o tema.
No que tange a Movimentação Total de Passageiros nos principais aeroportos do Nordeste, 2018 contabiliza, em relação a 2017, evoluções nada espetaculares: Fortaleza evoluiu 8,67%, Recife 5,93% e Salvador 3,32%, totalizando 5.338.799, 6.720.300 e 6.582.388 milhões de embarques e desembarques, respectivamente. Contudo, para uma análise mais acurada, tomemos também o ano de 2012, em face de não contabilizar ainda todos os efeitos do mencionado período de declínio da economia do Brasil. Portanto, entre JAN a OUT de 2018 em relação a 2012, temos números nada animadores nesses aeroportos: nesses 6 anos Fortaleza voa baixinho com 7,48%, Recife um pouco mais alto e com 24,25% e Salvador perde altitude e mergulha impressionantes 10,95%. Ou seja, nada de fogos!
Quando recortamos os números para conhecer a movimentação de passageiros em voos internacionais achamos Fortaleza crescendo, nesses últimos 6 anos, modestos 79,9%, Recife razoáveis 118,15% e Salvador medíocres 18,64%. Dado o fato de estarmos na esquina da América do Sul e sermos o ponto mais próximo da Europa e África esse crescimento médio anual gravitando na casa dos 13 % está longe de significar desempenhos dignos de euforia. Se olharmos apenas os dois últimos anos (JAN a OUT 2018 X 2017) temos Fortaleza evoluindo 43,7%, Recife 28,15% e Salvador 14,56% e totalizando uma movimentação de passageiros nos respectivos aeroportos de 297.504, 381.215 e 308.992. Registre-se, em especial, que neste período e ao custo de 20 Milhões/ano pagos pelo Governo do Ceará, teve inicio as operações aéreas de Air France/KLM com 5 frequências semanais e o incremento de voos domésticos da GOL para alimentar essas novas rotas internacionais, sensibilizando positivamente os números de Fortaleza neste exercício de 2018.
Releva destacar que falamos aqui de Movimentação de Passageiros nos Aeroportos e não de desembarques de turistas internacionais nestas Capitais. Estima-se que mais de 50% dos passageiros desses voos internacionais é de brasileiros indo com euros e voltando sem eles, o que caracteriza os voos como outgoing e geradores de déficit na balança da conta Turismo, que neste ano superará os 12 bilhões de dólares. Muito mais brasileiros gastando lá fora que estrangeiros aqui dentro não favorece a extensa cadeia produtiva do Turismo que afirma, desapontada, ainda não ter sentido a força dos euros e dólares desses gringos em solo alencarino. Resumo da ópera, por falta de políticas publicas modernas e bem formuladas de fomento ao Turismo, mesmo pagando para termos voos internacionais, continuamos um destino turístico nanico e desconhecido no cenário internacional, não obstante o enorme potencial. O problema é que potencial não enche barriga de ninguém, mas sim o Turista circulando e em segurança.