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FIDEL MORRE LIVRE. NETANYAHU É CAÇADO.

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Por WALTER PINTO FILHO, Promotor de Justiça/CE

Quando a Justiça se ajoelha diante do tirano e se ergue contra os que lutam.

Fidel Castro morreu sem ser julgado. Morreu impune. Afagado por alguns chefes de Estado e idolatrado por intelectuais que jamais conheceram o sabor do exílio ou o pavor das celas comunistas. Nenhum tribunal o chamou. Nenhuma corte o questionou. Nenhuma ordem de prisão foi expedida. O Tribunal Penal Internacional calou. Escolheu a omissão como linguagem e a covardia como doutrina.

Enquanto isso, Benjamin Netanyahu — primeiro-ministro eleito de Israel — enfrenta agora uma ordem de prisão da mesma corte que perdoou Fidel. Seu crime? Reagir a um ataque terrorista que decapitou bebês, queimou famílias vivas e estuprou mulheres. O conflito em Gaza pode ser cruel, mas o que está em julgamento não é a guerra — é o direito de Israel existir.

Fidel perseguiu a fé como poucos. Mandou fechar igrejas, expulsou padres, arrancou crucifixos, proibiu missas, censurou Bíblias e transformou templos em centros de doutrinação marxista. Era inimigo confesso da religião porque sabia que o sagrado ameaça todo tirano. Mas morreu com honras. Foi enterrado com discursos solenes, reverências diplomáticas — e até recebeu, em seus últimos anos, uma visita de cortesia do Papa Francisco, que apertou as mãos do velho assassino com o cuidado reservado aos vivos que a história já deveria ter sepultado.

Netanyahu, por outro lado, lidera um Estado democrático, sustentado pelo voto, que vive sob ataque desde a sua fundação. E agora é tratado como criminoso por aqueles que jamais moveram um processo contra o regime cubano. Felizmente, ainda há vozes lúcidas: Estados Unidos, Argentina, Alemanha e França criticaram o mandado de prisão expedido contra Netanyahu. O gesto é simbólico, mas necessário. É o mínimo de dignidade que se espera de nações sérias.

O filósofo Emil Cioran dizia: “O problema do mundo não é a falta de justiça, mas a ausência de coragem para praticá-la.” Haia não julgou Fidel porque lhe faltou coragem. Faltou-lhe a verdade. Sobrou-lhe cálculo político.

A História já viu isso antes. Hitler foi aclamado em Munique. Stalin sentou-se ao lado de Churchill. E agora Fidel é tratado como herói da soberania latino-americana, enquanto o chefe de governo de Israel é convocado à infâmia. É o mundo ao avesso — onde a toga virou instrumento de ideologia.

Não sou religioso. Mas defendo, com firmeza, a liberdade de culto e o direito de um povo se proteger. E ver um tribunal que se cala diante do carrasco e se insurge contra os que lutam pela sobrevivência é uma aberração jurídica e moral. Há algo de profundamente errado na Justiça internacional, que outrora agiu corretamente contra nazistas e ditadores sanguinários.

A Escritura diz: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem chamam mal; que fazem da escuridão luz, e da luz escuridão.” (Isaías 5:20). Parece ter sido escrita para este tempo — um tempo em que Fidel é perdoado por fuzilar, e Netanyahu condenado por se defender.

Fidel, o carrasco, morreu com o passaporte limpo. Netanyahu, o sobrevivente, é agora caçado por juízes que jamais ousaram erguer a voz contra um ditador caribenho. Isso não é justiça. É vingança ideológica.

Se ainda resta lucidez na memória coletiva, que se registre: Fidel foi o tirano que escapou. E Netanyahu, o réu que resiste. Um foi celebrado. O outro é perseguido.

A História, se for honesta, há de saber a diferença.

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Allan aguiar

Uma resposta

  1. Um texto que não ajoelha diante da covardia — ergue-se com clareza, coragem e precisão contra a farsa travestida de virtude.

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