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CEARÁ 2.0 – O Futuro Não É Suficiente

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A versão 2.0 do software Ceará, que é uma atualização automática imposta por esse novo sistema Corona, não vai rodar. Já é fácil afirmar que não servirá aos anseios dos usuários que vivem no hardware Terra da Luz. Sentiremos muita saudade da versão 1.0, desinstalada na marra por esse Vírus que entrou e danificou nossa máquina e fez parar nosso servidor. Metaforicamente, diria que precisamos, como nunca, neste Corona game, tirar uma carta que nos remeta quatro casas a frente e ainda precisamos cair em uma que diga: avance mais duas casas e jogue os dados novamente. Os efeitos nocivos desse Vírus sobre o Ceará, em face do perfil da nossa economia, será algo que nossas netas lembrarão daqui a 50 anos. Com mais de 70% da estrutura produtiva do Estado centrado em comércio e serviços, e sem mercado doméstico com renda suficiente para girar o consumo, a nova ordem mundial nos fez bater em uma parede de concreto. O mundo de máscara não serve a ninguém, muito menos ao Ceará e ao Nordeste. Somos sol e mar, serra e sertão. Somos festa. Somos alegria e aglomeração. Somos toque na pele, olho no olho e beijo no beijo. Sim, esse novo aplicativo não combina conosco. Se esse for o novo normal, seremos anormais.

O futuro que se apresenta não serve. Temos que mudar abruptamente o curso no nosso barco, com urgência, alimentando o sistema de navegação com outras coordenadas que nos levem a algum futuro diferente do que está hoje traçado. Mas quem, ao menos, sabe o rumo das decisões que uma economia como a nossa deve tomar? E quais os comandos devem ser adotados? Eis a questão! Uns acham isso e outros acham aquilo e, neste achômetro, vamos colhendo resultados sociais avassaladores para a cidadania do nosso povo. Qual a nova Agenda a ser seguida? Para onde a bússola aponta? Que equação medonha é essa que possui mais variáveis que constantes e, portanto, não nos remete a uma resposta concreta?  Hoje, como nunca, precisamos de Deus, de inspiração, de extremada competência e de muito trabalho, além de um pouco de sorte, para recuperarmos os milhares de empregos (cidadania) destruídos por essa nova versão do nosso pequeno planeta Ceará/Nordeste do Brasil. Nossa pequena jangada, com suas velas do mucuripe, está em alto mar, compartilhado com transatlânticos, em uma calmaria total. Temos que economizar o rancho e começar a remar com nossas próprias mãos, até o vento voltar a nos empurrar.

Mas, quais são as constantes dessa nova equação humana a qual, já sabemos, nos pegou pela proa? Uma delas é que a economia do turismo demorará a levantar do tatame, e aos poucos. E, quando se erguer, não será mais a mesma. A queda dessa atividade deixará muitos pelo caminho, além do rastro sem precedentes de destruição de empregos e renda na cadeia produtiva do setor âncora da cidadania dos cearenses. Muitos que não entendiam a importância desse segmento vão, agora, entender na prática com essa dor. Teremos que viver, digo sobreviver, um bom tempo apenas com o dinheiro que circula entre os próprios cearenses. Sem os não cearenses circulando (os não residentes que chamamos de turistas e investidores) as coisas ficarão bem complicadas para nos alimentar. E quem achar que a vaca leiteira do Governo vai bancar nosso alimento, duvide. Essa magra “vaca estadual” e a anêmica “vaca federal” não têm mais leite suficiente para todos, e continuará emagrecendo rapidamente. Leite, quando pouco, vai primeiro para os muitos bezerros, que sempre crescem.

Afinal, qual o plano de contingência do Estado para tentar manter respirando o setor privado, em pânico e em módulo mayday? Como manter todos vivos a bordo? Neste momento, a paralisia geralmente toma conta de quase todos. Contudo, cabe ao piloto e copiloto, em meio ao pânico dos passageiros, declarar a emergência e iniciar procedimentos de pouso e reparos. Refiro-me à construção de nova agenda de desenvolvimento econômico. Alguém está fazendo isso ou apenas participando de Lives? Estas Lives não enchem a barriga de ninguém, mas as ações concretas, estas sim! Quais são as ações concretas e plausíveis para, pelo menos, atenuar a colisão com o paredão COVID-19? Como viabilizar a aceleração do reaparecimento do mercado? Quais as novas políticas públicas estaduais voltadas a esses novos tempos? Perguntas, perguntas… mas respostas, nenhuma. Apenas Lives que aborrecem exatamente por não apresentarem respostas. Em breve estaremos em Lockdown para salvar vidas e evitar colapso do sistema de saúde, diante desse meteoro que colidiu com a terra. Sim, vidas sempre em primeiro lugar, mas não custava pensar e planejar as manobras necessárias para quando pudermos voltar às ruas. Se é que ainda vamos querer voltar às ruas em face da explosão de outros fatores de risco. Enquanto isso, como escreveu Thomaz Pompeu e musicou Alberto Nepomuceno, “que importa que teu barco seja um nada / Na vastidão do oceano / Se à proa vão heróis e marinheiros / E vão ao peito corações guerreiros?” Acho que eles pensaram que, vencidos 117 anos da adoção do nosso Hino, os cearenses já teriam avançado para o Estado de Cidadania.

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Allan aguiar

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