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KITE NO CEARÁ: 20 ANOS APÓS BREST

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Brest é uma cidade francesa na costa atlântica e pertence à região da Bretanha. Foi lá, em 2004, que os europeus foram despertados para o enorme potencial dos esportes náuticos a vela na costa do Ceará. Melhor dizendo, o Ceará foi acordado pelos maiores velejadores do mundo para sua condição de paraíso dos ventos marinhos. 

Por ocasião do enorme festival náutico, o maior da Europa que acontece a cada quatro anos, tematizado sobre o patrimônio marítimo nas nações, o Ceará agarrou a chance por eles oferecida de mostrar aos grandes atores desse mundo dos mares toda a sua diversidade cultural e econômica construída ao longo de séculos de relacionamento com o Atlântico Sul, que sempre alimentou nossos 573 quilômetros de praias. 

O Governo do Estado, através da SETUR, foi convencido pela garra implacável e empreendedora de um saudoso integrante do trade turístico que não cansava de advogar a importância de fomentar o turismo náutico como pré-requisito a chegada de investimentos relacionados à infraestrutura privada necessária a prática de esportes a vela. Foi o Júlio Trindade, dono do Pirata da Praia de Iracema, que convenceu, articulou e, em Brest, negociou o primeiro voo charter internacional voltado ao público alvo dos velejadores. 

No evento BREST 2004, o Ceará, em parceria com a TAM (LATAM) levou 12 tripulações completas (pescadores cearenses) das jangadas para a primeira, e até agora única, regata internacional de jangadas brasileiras, em águas europeias. As Jangadas, novinhas em folha, foram em contêiner custeado pela própria prefeitura de Brest e chegaram perfeitas lá. Nossas embarcações roubaram a cena ao ponto de grandes velejadores pedir para participar da Regata, comandando nossos marujos jangadeiros. Até o Comandante do majestoso veleiro Cisne Branco, da Marinha do Brasil, assumiu as velas da Jangada Dragão do Mar para disputar a prova. Coube a premiada velejadora inglesa Ellen MacAthur auxiliar os trabalhos na embarcação, que terminou vencendo a prova. Foi uma cena marcante, difícil de descrever e registrada pelos maiores jornais europeus em suas manchetes do domingo seguinte.

Enquanto rolava a regata e a banda do Pirata tocava frenética, para deleite da multidão, Júlio e a SETUR negociavam com a operadora que fretaria os aviões que passaram a pousar em Fortaleza toda semana, repletos de kite surfistas ávidos pelos ventos, inicialmente, da praia do Preá. Desnecessário comentar o que isso significou de investimentos, não apenas no Preá, que só servia de passagem obrigatória para os turistas focados em Jericoacoara, mas em muitas outras praias. O Kitesurf transformou a economia do nosso litoral.

20 anos se passaram desde Brest e do início dos voos, o maior exemplo de que promoção de destino turístico sem comercialização é ação inócua, e hoje basta uma passada em qualquer praia para constatar que essa foi uma das mais exitosas parcerias de marketing turismo entre o setor público e o privado acontecido no Brasil. Hoje, não existem mais os voos charter, mas o conhecimento e a paixão deles em sentir a força dos nossos ventos é tão grande que passaram a chegar por aqui em voos regulares da TAP e da Air France, mesmo com as tarifas aéreas nas alturas. 

Essa é a história da difusão do Kite no Ceará, digo, na costa do Nordeste do Brasil. Quase ninguém sabia como começou essa febre toda de jovens europeus voando sobre nossas ondas. Agora sabem.

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