O que está a acontecer com o prefeito de Fortaleza? Esta é a pergunta que orbita sob as rodas da política e do empresariado da cidade. Não se fala aqui da qualidade da administração que ele empreende. Gestão pública pode ser medida e avaliada por critérios objetivos, basta examinar os indicadores para aferir o resultado do incremento ou declínio no bem-estar social. Neste quesito, Fortaleza atravessa seu maior vexame e Sarto passou a incorporar ao seu CPF político as atuais trevas da saúde, segurança, educação, habitação, infraestrutura, desenvolvimento econômico, turismo, etc. Sarto fez a sua própria opção pela indolência gestorial, plantou vento e começa a colher tempestades e poderá entrar na galeria dos prefeitos(as) mais pífios(as) que ocuparam o Palácio do Bispo, a qual tem a imagem de Maria Luiza como a mais visível e reconhecida, mesmo sendo oriunda do século passado.
A questão é tentar entender o que fez um político claramente desmotivado e sem vocação para cargo executivo de tamanho relevo “jogar a toalha” ainda na primeira metade do seu mandato. Parece que ele acorda toda manhã absolutamente sem tesão algum para trabalhar e muito menos angariar a aprovação do povo que paga seu salário e o elegeu para tão nobre missão. Alguns de sua equipe são a imagem e semelhança do cansado alcaide e alguns ainda protagonizam condutas pessoais deploráveis, ao ponto de partirem para violência física contra empresários/cidadãos que reclamam desse caos todo. Um dos mais expoentes áulicos de plantão é secretário faixa preta que costuma aplicar ippons em quem o aborrece. Outro adora eventos sobre o vento de Fortaleza lá em Miami, onde tem residência.
Mas o mais revelador é que o próprio prefeito resolveu explicitar a falta de apetite por sua própria imagem e fazer corar de vergonha até mesmo sua simpática Marrion. A imagem dele sentado em um meio-fio no Eusébio diante de sua Mercedes-Benz destruída é a mensagem mais contundente de que ele já virou a página e decretou o fim antecipado de sua conturbada passagem pelo paço municipal. Parece que Sarto, cansado dessa vida, resolveu virar mais um kamikase a pilotar seu pequeno avião direto para o confronto com o poderoso porta aviões petista surgido nas últimas eleições, sob o olhar lacrimejante do já afundado Almirante Yamamoto.
A sofrível performance do Sarto e a briga na cozinha dos oligarcas vem abrindo uma janela bem interessante para a oposição que, embalada pela vitória em Fortaleza na última eleição ao Governo do Estado, passou a acreditar em suas chances de agora chegar lá. Um dos sintomas da Sartocrise tem sido o ímpeto do dínamo verbal do oligarga-chefe que voltou firme após a maiuscula derrota no último embate eleitoral e tratou de tratorar o lulopetismo que domina por completo os votos da grande maioria, como ele classifica, dos cearenses apaixonados pelo “encantador de serpentes” da caatinga, Midas capaz de eleger qualquer coisa.
O fato é que a baixíssima performance de Sarto pode vir a representar a pá de cal no fim da era dos atuais generais que derrubaram os antigos coronéis. Nesta trágica conjuntura de pobreza e atraso do Ceará, Caim topa neutralizar Abel para tentar herdar o que restou do Jardim do Éden dos filhos de Adão e Eva. O problema é que Deus aceitou o sacrifício de Abel mas rejeitou o de Caim. Nesta diáspora só resta saber quem é Caim e quem é Abel. Adão e Eva já se sabe.
