Se no futebol o Fortaleza é um time de primeira grandeza no ranking nacional e, de longe, lidera a performance dentre todos os clubes nordestinos, não podemos dizer o mesmo da cidade de Fortaleza quando o assunto é Turismo. Os números consolidados até novembro de 2023, publicados pelas gestoras aeroportuárias AENA, FRAPORT e INFRAERO revelam um placar nada favorável a Fortaleza.
Historicamente o aeroporto Pinto Martins mantinha uma grande competitividade diante do aeroporto Gilberto Freire/Guararapes quando o assunto era movimentação total de passageiros. Mas nos últimos anos o jogo virou e a dianteira dos pernambucanos só aumenta ano a ano.
Enquanto Recife marcou 8.227.892 passageiros Fortaleza encolheu para 5.073.525, ou seja a capital pernambucana colocou uma vantagem de 3.154.367 no acumulado até novembro/23. É uma goleada, uma diferença impensável e que precisa ser processada e entendida. Afinal, o que acontece com a capital do Ceará para figurar com tamanho retrocesso nos números que compõem os agregados turísticos? Frente a 2022 Recife cresce 3,3% e Fortaleza cai 3%. Em 2019, antes da pandemia, Recife registrava uma movimentação total de 8.714.119 e Fortaleza 6.515.841. Em 2023 Recife contabiliza 8.227.892, uma queda de 6% enquanto Fortaleza 5.073.525, caindo 22%. A luz vermelha já vem acesa faz algum tempo sem que ninguém tente reverter a hemorragia que toma conta do organismo do setor que mais emprega no Estado.
Até no turismo internacional os pernambucanos viraram o placar alcançando 269.567 até novembro de 2023 contra 264.498 dos cearenses. No passado o fluxo turístico internacional através do aeroporto de Fortaleza era mais do dobro daquele verificado no de Recife.
Nada melhor que números para qualificar o debate e afastar paixões e emoções da análise do desempenho de Fortaleza e, por consequência, do Ceará no que tange a turismo, digo desenvolvimento econômico. Alguns ficaram no governo por 40 anos tentando uma agenda de desenvolvimento que não deu certo e nem resultou em melhorias dos indicadores sociais. Equivocados, negligenciaram o poder que os não residentes (turistas) possuem para gerar renda e cidadania.
Sendo assim, como o Fortaleza do futebol, que reinventou sua gestão e colocou técnicos que mudaram o modelo mental e colocaram o time na primeira divisão, precisamos de gestores que devolvam o destino turístico Fortaleza aos trilhos da geração de ocupação e renda para nosso povo. Com esses que estavam se refestelando no aterro da praia de Iracema, fazendo política na virada do ano tentando virar impopularidades, não chegaremos sequer a arranhar nosso potencial turístico. Com eles a goleada pode nos lembrar da Alemanha diante do atônito Brasil na fatídica Copa de 2014.