Fortaleza ficou démodé. Fadigou e esgotou-se. Nosso principal portão de entrada exauriu sua capacidade de incrementar a atração de turistas para viver aquilo o que eles sempre procuraram: sol, praia e uma cidade animada e segura. Anos de descaso na gestão pública do turismo, nomeadamente na construção da sua marca e imagem junto ao Brasil e ao mundo, resultou na pior alta estação da série histórica, exclusive o período da pandemia onde o segmento parou completamente.
A incompetência sistêmica do município e do governo do estado produziu o fechamento de hotéis, o adiamento de investimentos e pífias taxas de ocupação da “alta estação” em curso. A média do tombo da ocupação hoteleira chega a 15% em relação a mesmo período de 2023, que já tinha contabilizado números preocupantes. Em pleno réveillon, o pico da demanda hoteleira anual, muitos hotéis não esconderam suas decepções com o número de quartos vazios.
Fortaleza, uma das oito capitais praianas do Nordeste, deixou de entregar o produto turístico mais almejado do verão: a praia. Quase nenhum turista que chega pelo modal aéreo vai pegar um bronze na orla de Fortaleza. Caiu muito a frequência desses turistas na praia do futuro, uma das mais belas e bem estruturadas praias urbanas dentre todas as capitais litorâneas do Brasil. A praia do futuro ficou quase que exclusivamente para a classe média de Fortaleza e para a turistada do interior do Estado e de alguns Estados vizinhos. Já as praias da Leste-Oeste e da Barra do Ceará são demandadas pelos residentes de baixa renda.
A turma do modal aéreo, de maior poder aquisitivo e de grande impacto na geração de renda turística, preferiram outros destinos turísticos nordestinos. A moda agora é João Pessoa, Maceió e a velha Porto Seguro. Somente uma operadora com 27 fretamentos aéreos descarregou seus turistas nesses destinos, ignorando o Ceará em face de terem sido ignorados pela amorfa SETUR/CE.
Elmano já deixou claro que “chutou o balde” do turismo do Estado. Seus primeiros dois anos na condução do setor que mais impulsiona nossa economia foi de completa estagnação e os próximos dois anos apontam para mais declínio dos agregados turísticos. Elmano deveria entender que a descontinuidade da gestão da pasta é péssimo para a interlocução e emulação com o mercado responsável pela animação dos fluxos de brasileiros e estrangeiros. Elmano revela que prefere a barganha politica/eleitoral que desenvolver uma agenda séria, técnica e mercadológica capaz de tirar o Ceará do atoleiro social que nos impede de avançar. Como Sarto, que negligenciou o turismo, Elmano terá que conquistar votos em outro setor.