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FORTALEZA: INCOMPETÊNCIA NÃO É CRIME

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O desafio de viabilizar Fortaleza como uma cidade minimamente capaz de oferecer algum bem-estar social a sua enorme população vem se mostrando um desafio cada vez mais distante. Alçada recentemente a quarta posição como a mais populosa cidade do país o que assistimos, subliminarmente, foi a satisfação de algumas manchetes com essa subida de andar do nosso tamanho, frente a Salvador. Mas como tamanho não é documento, na esteira da divulgação dos mesmos dados do IBGE, consolidou-se o diagnóstico do humilhante fosso social da capital dos Cearenses, diante das demais metrópoles do Nordeste. O que o inchaço da população traduz é que o caldeirão metropolitano ferve como nunca nos dilemas da baixíssima renda e da violência das facções criminosas que se multiplicam e dragam nossos jovens, digo nosso futuro.

O fato é que somos quase a pior renda média por população na região Nordeste e a vigésima dentre as capitais do país. Enquanto um brasileiro que vive em Florianópolis vive, na média, com R$ 4.215,00 os de Fortaleza sobrevivem com R$ 1.374,00. Em Recife a renda média chega a R$ 2.129,00 e em Salvador R$ 1.503,00. Fortaleza, no Nordeste, só está a frente da igualmente miserável Maceió com seus R$ 1.268,00.

Esses indicadores, óbvio, decorrem do conjunto das péssimas escolhas no âmbito da administração pública municipal e de políticas públicas anacrônicas e formuladas ao arrepio das boas práticas existentes mundo afora. Fortaleza, dos viadutos, túneis e ciclofaixas vem sendo “mal e porcamente” gerida na saúde, educação, segurança e na geração de trabalho e renda. Sem perspectivas concretas de melhoria dos seus indicadores sociais o que resta ao prefeito de plantão é fazer propaganda enganosa no rádio e na TV martelando nas “cabeças-chata” a sensação que moramos no paraíso e que podemos ser felizes dormindo sob as marquises da vida. Nosso povo bom, manso e pobre não tem discernimento sequer para avaliar a qualidade de suas vidas. Nascidos e vividos na pobreza, estão na lona do ringue urbano após décadas de massacre e abandono por parte dos entes públicos.

A saída para esse quadro caótico que ameaça a todos seria a implantação de um plano de governo sério e sinceramente comprometido com a inclusão social pelo viés do crescimento econômico e não somente pela distribuição dos bolsas famílias da vida e cartões do Ceará Sem Fome. Enquanto não virarmos o jogo entre os Carteira Assinada X Dinheiro Dado não vamos evoluir. A cada ano, no placar desse jogo, aparece mais gols dos desocupados que dos ocupados, explicitando o declínio da capacidades dos nossos agentes econômicos de gerar postos de trabalho e, com eles, a cidadania sustentável.

Com um ambiente de negócios inóspito e muito arriscado ao capital privado e com uma economia centrada quase que exclusivamente no setor do comércio, serviços e turismo, em face da incipiente participação da indústria e da agropecuária, Fortaleza vem contabilizando uma das maiores concentrações de renda do Brasil e essa renda concentrada nos residentes do Meireles, Aldeota, etc. já demonstrou não ser capaz de  produzir a inclusão social necessárias para saímos do atoleiro da pobreza.

Sendo assim, uma das saídas mais rápidas seria inundar Fortaleza de brasileiros e estrangeiros endinheirados e dispostos a gastar e investir seus dólares e euros nos elos da estrutura produtiva da cidade. Mas o que se observa examinando os agregados turísticos é exatamente o oposto, representado pelo irresponsável declínio da economia do Turismo em nossa capital. É nisso que dá designar paraquedistas radicais que adoram curtir a vida saltando, cercado por urubus, sobre os graves problemas sociais do nosso povo.

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Allan aguiar

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