Encerrado o primeiro tempo do governo Elmano, o placar aponta para o zero a zero. Tocando a bola na retranca e sem conseguir atacar o adversário, representado pelos desarranjos da segurança, saúde, educação, economia, infraestrutura e qualidade dos serviços públicos, o time de Elmano não consegue produzir, não obstante alguns jogadores correrem muito em campo. No gramado da área técnica, Elmano anda frenético de um lado para o outro, grita para os jogadores, faz substituições, reposicionamentos, reclama dos árbitros e se inquieta com a baixa produção dos atletas, alguns claramente fora de forma e outros simplesmente ruins de bola.
Sob vaias dos torcedores e poupado pela galera das cabines de imprensa, o técnico Elmano já sabe que dificilmente conseguirá ganhar o jogo e o empate já será um bom resultado, afinal pretende passar para a próxima fase do campeonato ganhando nos pênaltis, mas pênalti é loteria e sem apoio da torcida e dos impopulares cartolas, a renovação de seu contrato para uma segunda temporada pode não acontecer.
Mas faltam ainda os 45 minutos do segundo tempo para Elmano tentar um gol milagroso capaz de salvar sua pele, mas, pelo desempenho do time no primeiro tempo, é mais fácil levar que fazer. Elmano olha para o banco e sabe serem remotas as chances de reverter esse quadro, sendo assim, cede e começa a colocar em campo os preferidos do presidente do clube, mesmo sabendo que não jogam nada.
Se depender da bola da segurança o jogo já estar perdido, assim como com a bola da economia e saúde. Esses setores do campo estão completamente dominados pelos adversários e Elmano não possui um esquema tático capaz de atacar por esses flancos. Restará a Elmano alguma bola parada ou jogada ensaiada para balançar a rede adversária. O fato é que Elmano ainda não entregou nada a torcida e, como professa a crônica esportiva, “quem não faz, leva!”.
Sem uma marca, uma bandeira e sem entregas efetivas de resultados em campo o destino de qualquer técnico é cair, principalmente quando o cartola que elegeu ele despenca na popularidade junto a torcida. Sendo assim, Elmano deveria se inspirar logo nesse clube de glória e tradição, quantas vezes campeão, querido e idolatrado para quem sabe subir para a primeira divisão e, estando lá, receber um sincero abraço da torcida tão leal, nosso tricolor de aço.