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CORONACRISE: AONDE ESTÃO OS BOTES E OS COLETES?

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Nenhum governo é maior que seus mercados, com raríssimas exceções. O próprio governo depende dos agentes econômicos de sua economia para subsistir. Qualquer fenômeno que venha a paralisar esses elos da economia produz estragos sociais cruéis demais para as pessoas, começando pelo desemprego. O que estamos assistindo é um desastre biológico planetário, que vem exigindo das autoridades sanitárias que mantenham os cidadãos isolados e, com isso, longe do ambiente tradicional de consumo. Coisa jamais vista nas dimensões atuais.

O Transatlântico da economia mundial chocou-se com um bloco de gelo e agora está à deriva e pondo em risco a vida de passageiros e tripulantes. Hora de lançar com urgência os botes ao mar para garantir as vidas a bordo. Só que, como na história, a vida real vem mostrando que não há botes suficientes e que não tem como encarar o mar a nado, nem de boia. Estamos todos nesse barco (mercado) e a tripulação sabe que não vai dar para salvar todas as pessoas jurídicas e físicas, algumas ainda em doce alienação no embalo da orquestra que toca sem parar no salão de festas.

Temos que manter o barco flutuando para que possamos voltar a bordo e tentar chegar em algum porto. Quem está no bote está assistindo cenas dantescas nas quais os vestidos com coletes estão congelando e morrendo. Ou voltamos ao barco e enfrentamos o desafio de repará-lo e nos proteger do Vírus ou a imensa maioria dos passageiros que são de classe econômica e, portanto, já de coletes no mar gelado, morrerão. O dilema reside no desafio de lutar a bordo contra a certeza da morte no mar. A tripulação, atordoada, óbvio, está mandando todos ao mar. Quem tem grana está em seus botes, alguns de alto luxo e abastecidos com champanhe e caviar. Aqueles que não têm, a esmagadora maioria, estão com coletes precários já se debatendo pelo frio intenso e pela presença dos tubarões com boletos. Os botes devem ser reservados para os mais idosos e doentes, cabendo aos jovens e saudáveis a luta a bordo para manter o transatlântico flutuando até que todos possam voltar e navegar juntos.

O fim da história desse filme, campeão de bilheteria, já sabemos. Vivos, no porto, a doce e danada dondoca Rose e seu noivo milionário e chifrado, apesar de separados, mas vivos. Ambos ocupantes da primeira classe. Quanto ao Jack, um pobre passageiro da terceira classe e que ganhou seu bilhete por acaso, morreu congelando seu amor por Rose no fundo gelado do oceano. Com COVID ou sem Corona “My Heart Will Go On”.

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Allan aguiar

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