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Ceará E África: Tudo A Ver, Mas Falta Visão

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TACV. Talvez o documento probatório mais contundente, e também vexatório, do tamanho da opacidade que tomou conta do cristalino da visão do Ceará, diante da sua desesperada meta de criar postos de trabalho para os cearenses, possa ser sintetizada em uma sigla: TACV. Pouquíssimos no Ceará sabem o que significa TACV. Mesmo entre os homens do Governo que pensam em estratégias e alternativas para nos tirar do secular atoleiro da pobreza, essa sigla é raramente citada ou mesmo reconhecida. TACV, que significa Transportes Aéreos de Cabo Verde, poderia ser traduzida também aqui no Ceará como Tem a África, Cearenses Vacilantes. É impressionante como estamos vacilando feio nas relações econômicas e bilaterais com a enorme e superpopulosa costa oeste da África.

Cabo Verde é um pequeno País insular situado no atlântico norte e muito perto (570 Km) da costa oeste do continente africano que tem em Dakar, no Senegal, seu HUB marítimo e aéreo. São 09 países com cerca de 80 milhões de africanos ávidos por importar tudo. No passado, os voos da TACV chegavam em Fortaleza lotados de rabidantes (sacoleiras) que aqui promoviam verdadeiros arrastões de compras de calçados, têxteis e confecções. Eram tantas as mercadorias transportadas que a Cia. Aérea faturava mais com cargas e excesso de bagagens que, muitas vezes, com o próprio bilhete aéreo. Em 2004 os voos charters dessa então estatal aérea cabo-verdiana foram convertidos em voos regulares e, desde então, são mantidas 1 ou duas frequências semanais. Hoje, o controle societário da Aérea pertence aos Islandeses da Icelandair e operar em Boeing 757.

Em 2014 a TACV anunciou voos para Recife e em 2017 para Salvador. Nossa exclusividade caducou e com ela as rotas comerciais foram partilhadas com essas outras capitais nordestinas. Quem não escondeu o entusiasmo foi a turma do polo de confecções de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Enquanto o
o governo cearense usa dinheiro público para irrigar o caixa dos voos da Air France e KLM, as notícias dão conta que os voos da TACV no trecho Ilha do Sal – Fortaleza tem apresentado baixas taxas de ocupação. Mesmo assim a Aérea vem mantendo os voos para Fortaleza. Registre-se que de Cabo Verde pode-se chegar a Lisboa e Paris em conexões rápidas e a preços que chegam a metade do preço da concorrência.

Mas o “pulo do gato” mesmo, que a catarata dos olhos do Ceará não permite enxergar, é a possibilidade de termos voos diretos de Fortaleza a DAKAR, atravessando o atlântico em rápidas 03hs:50min, e abrir uma nova e monumental fronteira comercial com esse enorme e importador mercado. Não é ir para Angola trazer um cabo mais sim ir por Cabo trazer a África através de Dakar para negociar conosco. O que vai chegar aqui não é um cabo de fibra ótica, mas sim outra ótica de intercâmbio econômico bilateral de importação e exportação.  Não é cortar a fita de um call center bacana mais sim tentar robustecer e revitalizar setores industriais que no passado eram as locomotivas da nossa estagnada economia. Seria uma injeção de emprego e renda na veia do Estado. Os africanos compram tudo, desde alimentos, material de construção, equipamentos e quase tudo de outros manufaturados.

O Governo do Estado precisa colocar os óculos e entender que, para ele, fomentar Turismo só faz sentido se isto refletir na geração de emprego, renda e inclusão social. Que mais importante que ser elogiado por anunciar voos é ser reconhecido pelos efetivos impactos benefícios desses voos. Caso contrário, vira quermesse. Que Turismo só é viagem para o turista e que para o Estado Turismo tem que ser um vetor de desenvolvimento econômico. Que voos tem que trazer muito mais que levar, pois quem leva as cargas de quem vem comprar são os navios. TACV, por fim, poderia significar, para nós cearenses, Talvez Alguém do Ceará Veja. Contudo, passada a hora do Pessoal do Ceará de, como cantou nosso Ednardo, “Derramar essas faíscas/despeja esse trovão/Desmanchar isso tudo que não é certo não”.  O “Pavão Misterioso e o Pássaro Formoso” precisam se entender, conversar, conhecer e emular muito mais com a África, antes da negritude Baiana ou Pernambucana adotar de vez a Mama África. 

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