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Turismo: Um Palanque De R$1.000.000,00

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Na Praia de Iracema, sob os olhares das ruinas da Ponte dos Ingleses e contemplando os escombros do Aquário, já famoso no rol dos escândalos nacionais, a Prefeitura de Fortaleza armou um palanque para inaugurar uma decisão: contratar uma consultoria por quase R$ 1.000.000,00, para, doravante, reunir dados estatísticos sobre os números do turismo em Fortaleza. Sim, um palanque para informar que pretende sair das sombras do “achismo” e do “chutômetro” da desinformação quanto aos agregados turísticos da Capital. Não tendo quadro técnico próprio de análise e pesquisa do contexto da economia do turismo, a PMF resolveu torrar essa grada toda para produzir dados que estagiários de cursos de matemática e economia poderiam fazer com bastante qualidade.

Sendo a informação a alma do negócio, o regabofe municipal serviu para reunir alguns em torno do partido plantonista do Turismo e para combinarem que será instalada uma Unidade de Pesquisa batizada de “Observatório do Turismo”. Ou seja, a atividade econômica que é a locomotiva da economia municipal é pilotada sem os instrumentos básicos para conhecer a trajetória, velocidade e altitude e, com isso, definir rotas, metas e objetivos em forma de políticas públicas capazes de atenuar o drama dos indicadores sociais que massacram a Cidadela cearense.

Com a politização do turismo, que é algo impolitizável, e com o setor público sem agenda, sem gestão e nem meios orçamentários para fomentar o seguimento turístico, restou ao governo tão somente a retórica de anunciar isso e aquilo e permanecer conjugando o verbo no gerúndio. Assim, planejando, realizando, implantando, criando e anunciando foi tudo o que restou do importante papel que cabe ao setor público como máster indutor da atividade. Quanto ao verbo “anunciar”, quando se trata de voos internacionais, este só é empregado nos que começam e nunca nos que terminam, como a COPA e a CONDOR Airlines que suspenderam suas operações para Fortaleza.

Com o orçamento quase que integralmente canalizado para pagar os cargos comissionados formados, em sua maioria, por correligionários, a Prefeitura encaixou na operação de credito internacional firmada com o Banco de Desenvolvimento da América Latina – CAF quase um milhão para alguém produzir planilhas Excel, quando, com esse dinheiro todo, poderia recuperar a Ponte dos Ingleses, o Farol do Mucuripe ou mesmo mandar uma mão de cal na favela que virou o outrora glorioso Hotel Iracema Plaza. Contratar Consultorias, em face do descalabro atual por que passa Fortaleza é um tapa na cara da sensibilidade e da lucidez. Tomar 83 milhões de dólares de empréstimo e não direcionar cada centavo para ações finalísticas é algo que revela o tamanho da miopia que tomou conta da visão de tomadores de decisão do setor público.

Com uma Cidade conflagrada pelo crime que cavou o fundo do poço de sua imagem, com sua cadeia produtiva do turismo atravessando uma liseira sem precedentes, com bares e restaurantes fechando, com a Monsenhor Tabosa respirando por aparelhos, alguém resolve armar um palanque para contratar uma consultoria quando deveria focar na montagem e implementação dos Planos de Trabalho das ações sociais capazes de atenuar a desordem urbana que tomou conta da orla marítima e dos rios que cortam a capital.

É sempre assim, a cada Governo recontratam-se os estudos, pesquisas, projetos e planos que já existiam, custaram uma fortuna e que não foram implementados. Rasga-se tudo sobre o falso argumento de que o incrementalismo é inimigo da inovação e, naturalmente, em face das vaidades latentes.

Enquanto Fortaleza, a cidadela atacada, acostuma-se com sua má fama e vira manchete diária nos telejornais globais, os Cearenses vivem “sob o seu chapéu quebrado/um sorriso ingênuo e franco/de um rapaz moço encantado/com vinte anos de amor”.

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Allan aguiar

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