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GRAÇAS AOS BILIONÁRIOS

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Não existe mundo livre e democrático sem os bilionários(as). Bilionarios são sinônimos de muito esforço, garra, arrojo, empreendedorismo e determinação. Os super ricos também são sinônimos de emprego, renda e muita inclusão social. Ficar bilionário em qualquer lugar do planeta rico é um feito elogiavel e relevante. Mas virar um bilionário no Ceará, no nordeste do Brasil, é outra coisa. É algo incrível, um tanto quanto inacreditável. É encontrar diamantes raros na caatinga. Tem que ser craque e nômade. É notável a capacidade empreendedora dos Nordestinos, nomeadamente os do Ceará. Segundo a revista Forbes não pode ser exagero afirmar que em quase toda esquina de Fortaleza tem um bilionário e/ou um milionário. Dinâmicos, inteligentes, trabalhadores e visionários essa rapaziada toda sabe investir e ganhar dinheiro. Sabem mapear as tendências dos mercados em que atuam e para onde caminha o consumo. Sendo assim, lá estão eles prontos para empreender e surfar nas ondas que os levarão as praias do sucesso empresarial.

Nos últimos 40 anos a tecno-economia deu um cavalo de pau no ambiente de negócios destruindo muita gente analógica e substituindo por gente nova, digital e visionária que conseguiram entender as mudanças e se posicionar/reposicionar no campo da nova economia. Grandes empresas familiares, ainda a base dos principais players da economia da região, que atuavam em setores que foram extintos ou reinventados desapareceram para dar lugar a conglomerados de maior visão e valor agregado e que hoje são gigantes em seus segmentos, fazendo aparecer novos super ricos de sobrenomes outrora desconhecidos.

Com o recrudescimento da concorrência no mercado local, em face da chegada de atores globais e atrelados a fundos de investimentos,  aqueles negócios que nem cresceram e nem se reinventaram simplesmente passaram a pertencer as nossas memorias empresariais ou ainda se arrastam tentando sobreviver junto a uma geração que está indo embora.

Quem se lembra dos grandes atores das décadas de 70 e 80 do setor de pesca, têxtil, confecção, imobiliário, bancos, varejo, saúde, educação, alimentos e serviços? Aonde eles estão agora e quais as razões da maré alta que corroeu suas bases? A resposta passa sempre por alguns  elementos impiedosos: gestão, visão, mercado, métodos, resistência a mudanças e conflitos internos. O Ceará do Romcy, barato todo dia, do BANCESA, o parceiro de quem produz, da Arca D’aliança, o milagre dos preços baixos e do Raimundo Faz Tudo repousa nas nossas doces lembranças e se transformou no Ceará da BRISANET, da HAP VIDA, da Casa dos Ventos, da Pague Menos e do Grupo ARCO de educação. O Ceará do capital fechado para o Ceará de capital e mentes abertas. Fortunas erguidas na luta diaria para ganhar a preferência dos consumidores e não a preferência das verbas públicas. Homens como Ivens Branco, José Macedo e Edson Queiroz, dentre outros notáveis, trataram de revelar, ainda no século passado, que a terra da luz era capaz de apresentar ao mundo os Elon Musks e Jeff Bezos daquele tempo.

Com um mercado local muito pequeno, esses gigantes trataram logo de atravessar as fronteiras e lutar no ringue do mercado nordestino e, principalmente, nacional, ajustando suas velas e penetrando suas empresas nos maiores mercados do Brasil. Hoje, é possível afirmar que o faturamento de muitos desses bilionários advém majoritariamente de suas atuações fora do Ceará. Certamente mais de 90% ou 95%, afora as exportações. Convenhamos, esses caras são feras empresariais.

O forte recado que o êxito estrondoso desses cearenses e outros nordestinos transmite requer muita e profunda reflexão. A primeira dela são as razões pelas quais o Ceará figura como um dos Estados mais pobres do Brasil, se aqui nascem homens destas envergaduras empreendedoras. Como nosso setor privado é capaz de “tirar leite de pedra” e nosso povo ser tão pobre? Uma resposta plausível é que enquanto nossos bilionários estão no estado da arte nossos políticos estão na idade da pedra. Enquanto a gestão privada é focada em satisfação dos clientes, retornos, investimentos e resultados a administração pública é voltada para cargos, eleição, votos e conchavos e os clientes, o povo, que se virem. Sendo assim, continuaremos a ser também uma das maiores concentrações de renda do Brasil, não por culpa dos bilionários mas sim das políticas públicas analógicas e anacrônicas que permeiam a falta de planejamento e eficiência do gasto público.

Tentemos imaginar o que seria do povo do Ceará se não fossem nossos bilionários empreendedores. Antes de virarem bilionários e pagarem bilhões em impostos tiveram que ser micro e pequenos empresários e ralarem e rolarem para fazer seus negocios darem certo. Muitos ficaram pelo caminho. Se não fosse essa galera seríamos todos funcionários pagos pelo esquálido orçamento público ou estaríamos engrossando a fila do seguro desemprego e vivendo mais ainda do bolsa família. Sendo assim, viva os bilionários visionários, afinal sucesso só vem antes de trabalho no dicionário.

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