O melhor a fazer é analisar os números para conferir se a animação do governo do estado faz algum sentido ou se é somente cortina de fumaça para enganar os desavisados e alimentar os “Otimistas das Baladas”.
Sendo assim temos, dentre alguns indicadores, um que se destaca como excelente termômetro da situação do setor em qualquer destino Turismo que se preze. A movimentação total de passageiros nos terminais dos aeroportos das capitais dos Estados. Olhar para o comportamento do fluxo do modal aéreo, nomeadamente em destinos de longa distância como é o caso da nossa região, permite uma boa margem de acerto quanto a performance da demanda turística junto aos mercados emissores nacionais e internacionais.
Comparando os números de Fortaleza com Recife, Salvador, Maceió e João Pessoa, no primeiro trimestre deste ano e nos doze meses de 2024 e 2023, segundo as estatísticas das gestoras dos respectivos aeroportos, temos Fortaleza com embarques e desembarques totais de 1.419.002 no primeiro trimestre contra 2.483.794 de Recife, 1.886.909 de Salvador, 778.845 de Maceió e 457.995 de João Pessoa. Quando comparamos esses números com os do igual trimestre de 2024 temos João Pessoa crescendo 10,7%, Maceió 8,9%, Recife 3,3%, Salvador 2,9% e Fortaleza 2,6%.
Ampliando a amostra da análise para o ano passado, ou seja a movimentação total de passageiros (embarques e desembarques) contabilizados pelas gestoras FRAPORT, AENA E VINCI ao longo de todo o ano de 2024, tem-se Fortaleza com 5.628.394, Recife marcando 9.593.804, Salvador com 6.937.495, Maceió chegando a 2.687.790 e João Pessoa 1.605.805. O destaque vai para o robusto crescimento de Maceió e João Pessoa, no comparativo com a ano de 2023, com 14,2% e 12,2% respectivamente. Salvador incrementou 7,2%, Recife 6,1% e Fortaleza 1,1%. Nota-se que a capital cearense comeu poeira dentre as demais avaliadas no quesito crescimento do Turismo pelo modal aéreo.
Concluindo a avaliação dos números, cabe um recorte na movimentação total em voos internacionais. Neste quesito, neste primeiro trimestre, temos Salvador a frente com 153.737 seguido de Fortaleza com 119.013 e Recife com 99.869. Contudo, releva destacar que esses voos internacionais operados por aéreas nacionais e estrangeiras possuem um forte movimento outgoing, ou seja, levam mais nordestinos para o exterior do que trazem gringos para nossas praias.
Olhando esses dados, percebe-se que o Ceará não tem nada a celebrar quando o assunto é Turismo. Não estamos mais estagnados, estamos declinando e isso pode ser sentido no bolso de quem atua na extensa cadeia de negócios do segmento. Hotéis fechando na beira-mar, Monsenhor Tabosa em ruínas, praia de Iracema deserta, mercado de eventos em crise, tarifário da hotelaria aviltado, permissionários da feirinha da beira-mar reclamando juntamente com a galera de bares e restaurantes. É um alinhamento perfeito de planetas nocivos ao setor que ainda é o que mais emprega em nossa tenra economia, calcada majoritariamente no setor de comércio, serviços e turismo.
Diante dos fatos nada alvissareiros e de um péssimo balanço do setor seria de se esperar uma brutal mudança de rumo na gestão pública a cargo do governador, mas resta claro como o sol da nossa terra que ele “chutou o balde” por completo e preferiu a opção fácil de fazer política partidária pura ao invés de buscar uma gestão técnica e competente, focada em uma agenda negocial, mercadológica e institucional. Uma pena!
Respostas de 7
É, contra números inexiste discussão.
São dados que nos deixam muito tristes tanto por mostrarem essa queda quanto por conta da área atingida ser sinônimo de “Emprego&Renda na veia”.
Grande Allan Aguiar, sempre cirúrgico nos seus comentários. Parabéns por mostrar a realidade.
Não existe outra explicação, basta ver o partido do governador e do prefeito
Não existe outra explicação, basta ver o partido do governador e do prefeito
Estou tomando conhecimento do seu blog na presente data e fico feliz em ver discussões como essa
Gostaria de deixar minha contribuição: pensando nesses dados de movimentação de passageiros, entendo que, sim, eles são termômetros do setor de turismo. No entanto, precisaríamos conhecer a composição dessas movimentações. Recife, por exemplo, tem a maior movimentação, mas uma parcela (a qual precisaríamos conhecer) desses passageiros fica em Recife, mas apenas utiliza o hub da Azul. Só quem ganha com parte dessa movimentação é a AENA. Talvez dados obtidos na EMBRATUR possam revelar mais insights sobre o setor.
Outro ponto: acompanho pelas redes sociais a atuação do Secretário Estadual de Turismo junto aos players do setor, em especial, companhias aéreas. Não sei até que ponto isso é efetivo, mas, ao menos, vejo um esforço.
De qualquer forma, parabéns pela discussão.
Boas as suas considerações. Obrigado pela contribuição ao debate.
Perfeito sua análise é bem observado sobre o hub da Azul, eu mesmo está semana vindo de Portugal desci em Recife e peguei um vou para Fortaleza! Ou seja o fato de haver muitos voos internacionais para a capital pernambucana não significa que esses passageiros (turistas) fiquem em Pernambuco. Quanto ao Governo do Ceará, dispensa comentários em qualquer área da administração! Os pilares do turismo são segurança, transporte público,(metrô etc.) limpeza pública, espetáculos culturais entre outros. Nossos governantes não estão nesse nível! São muito provincianos e além de se preocuparem mais com suas permanências no puder, fazendo a política do Assistencialismo. Triste realidade, infelizmente.