Na maioria dos setores da administração pública é fácil aferir como andam as coisas. Pesquisas, indicadores, índices, etc. permitem avaliar, com precisão, séries históricas dos números que explicitam o desempenho de uma gestão. No caso do Turismo é ainda mais fácil em decorrência da fartura dos agregados turísticos existentes e amplamente utilizados por todos os Destinos Turísticos que prezam pelo compromisso social e impactos econômicos da atividade. Desta forma não existem os “achômetros/chutômetros” quando o assunto é quantificar o desempenho de quem deveria zelar pela competitividade do Destino Fortaleza junto aos mercados emissores no Brasil e no mundo.
Recentemente, a divulgação de alguns números relacionados a fluxos turísticos pela ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil e pela FRAPORT – Aeroporto de Fortaleza, dados que o trade turístico já vem acompanhando há bastante tempo e com lupa, recebeu finalmente alguma atenção de observadores da cena cearenses. Os magérrimos números da última alta estação e os do mês de agosto produziram perplexidade, editoriais, análises e opiniões tentando entender finalmente qual o defeito estrutural da Terra da Luz quando o assunto é o Turismo. Quais as razões para Fortaleza ter saido da moda e amargar tamanho vexame nas preferências nacionais?
Sem sombra de dúvidas essa situação toda advém do conjunto dos desarranjos da gestão pública empreendida pelo prefeito Sarto. Ele fez a opção pela mediocridade e politização da agenda turística da cidade e, portanto, é o responsável direto pelo default do principal portão de entrada dos turistas no Estado. Esses pífios números são produto das decisões dele e de suas opções equivocadas. Os efeitos sociais nocivos que essa queda acentuada de circulação de consumidores não residentes (turistas) vem causando tem o CPF dele como responsável.
Algumas opiniões colocam a responsabilidade, dentre tantas, na redução de voos para o aeroporto de Fortaleza como se a culpa pela febre fosse do termômetro e não da doença. Nenhuma Aérea reduz voos para destinos turísticos com demanda aquecida e que oferecem incentivos fiscais sobre o combustível de aviação. Da mesma forma não é comum hotéis fecharem se estão situados em cidades turísticas muito procuradas. Esse diagnóstico é pequeno e carece de precisão, sofisticação e consistência.
O conjunto da obra de Sarto é a resposta correta, nomeadamente na cobrança de desempenho que todo o gestor tem que exercer junto aos seus auxiliares. A culpa é dele quando chancela agendas centradas apenas em política, eleição e no partido que controla a pasta do Turismo em detrimento da agenda mercadologica, negocial e institucional junto ao mercado que compõe a cadeia produtiva do Turismo. É dele a responsabilidade quando homologa promoções camufladas e inócuas como a festa que aconteceu em Miami para meia dúzia de pessoas e que tentava trazer norte americanos para prática do kite surf na praias de Fortaleza.
É ele o coautor do livro das inércias que contam a história dos escombros da ponte dos ingleses, do farol do mucuripe, do esqueleto do aquário e da podridão do edifício São Pedro. Como um prefeito pode ser tão dócil com esse acervo de sandices da lavra do governo do Estado e da prefeitura?
Diante desse tsunami que ampliou as ruínas do turismo da capital cearense representantes de importantes elos da cadeia produtiva do setor já decidiram, intramuros, que ele é o candidato a ser batido nas proximas eleições, sob pena de muitas empresas irem de vez a bancarrota e os empregos para o espaço. O Trade turístico, sempre diplomático, continuará dando tapinhas nas costas em salões de festa e esperará a chance de dar o troco ao descaso, tentando convencer esse contingente enorme de trabalhadores a não votarem no algoz do segmento.
Naturalmente essa será uma tarefa difícil em face do alinhamento político Sartista da associação dos hoteleiros, pertencente ao mesmo grupo político que controla a pasta do turismo e principalmente em decorrência da desconexão da grande maioria dos trabalhadores que não entendem que suas geladeiras são abastecidas pela atividade turística. O Sr. Abelardo, jardineiro demitido em um dos hotéis fechados da beira-mar e a camareira D. Jandira, atribuiram o desemprego ao fato do hotel ter encerrado sua operação. Eles estão certos quanto a amplitude da relação de causa e efeito? O que veio primeiro: o ovo ou a galinha?
