A jabuticaba de Lula não deu certo e virou um super jabuticaço. Começou o drama da frágil economia cearense. Lula briga com o Trump, chama-o de nazista, fascista, coloca o Brasil em conflito com o gigante e quem será arrastado pelas garras da Águia americana é quem produz e exporta. “Toma aí 50% nos couros, Lula, e vê se cria juízo, seu esquerdista brasileiro”, diz o republicano Trump para os seus botões. Para o Ceará, agora “quatro vezes mais taxado” as consequências dessa postura do Lula, cada vez mais senil, custarão o choro e ranger de dentes de pequenos, médios e grandes produtores.
As lágrimas do pequeno apicultor que exportava seu mel para os EUA através do porto do Pecém, sustentado com vários outros por uma cooperativa, deveriam ser bebida por Lula como um elixir da lucidez, sensatez e equilíbrio diplomático que todo presidente deveria possuir.
Sendo os EUA o principal destino das vendas externas do Ceará, com valor exportado de quase U$ 660,00 milhões (R$ 3,8 bilhões) e representando uma participação de quase 45% de tudo o que é vendido pelo Estado lá fora, esse tarifaço do Trump no Lula será a maior destruição de riqueza que o quarto estado mais pobre do Brasil verificará na sua história. Esse montante, para se ter uma ideia, é quase o mesmo que o orçamento público estadual sinaliza que tem na conta Investimentos para todo o ano. Para um estado que já vinha definhando suas exportações nos últimos anos, com queda de 27,8% em 2024 em relação à 2023, esse tarifaço soa mesmo é com um embargo comercial de proporções econômicas tsunâmicas, com danos sociais de amplitude inquietante, maltratando ainda mais um povo que não aguenta mais pagar a conta do subemprego e da baixa renda.
Outro dado do IPECE, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, que também grita, é a perda de representatividade do Estado do Ceará nas exportações do Brasil, a qual recuou de 0,98% em 2021 para 0,44% em 2024. Viramos um pálido ponto exportativo no mapa do Brasil. Mesmo examinando somente o Nordeste observa-se uma queda significativa da participação cearense que passou de 12,9% em 2021 para apenas 5,91% em 2024, sugerindo que ou o nosso Porto do Pecém micou como canal de exportação, ou nossa produção exportativa desandou geral ou a dinâmica econômica dos outros estados está bem melhor que a nossa.
Como ficam as empresas exportadoras instaladas no Estado no jogo concorrencial de preços finais no seu principal mercado consumidor? Os milhares de empregos do setor calçadista, frutas, pescados, sal, peles e algodão que, juntas, faturaram em 2024 mais de meio bilhão de dólares, ou seja, quase 3 bilhões de reais no mercado externo. E o setor de ferro e aço, que já teve uma queda de 48% em suas exportações de 2024 sobre 2023, passando de U$ 1,07 bilhão para U$ 0,58 bilhão? Vai que Lula fala e faz mais asneiras e o benefício de ter ficado fora da lista da degola seja revogado?
O fato é que o marisco ficou entre o rochedo e o mar. Não que possamos comparar o Brasil com um rochedo, mas sim os EUA, não com um mar, mas sim um oceano inteiro. Quanto ao Ceará, o pequeno marisco, ficou na beira do açude enquanto viu o tsunami Trump, provocado pelo terremoto Lula, arrastá-lo para as profundezas escuras da Fossa das Marianas, o lugar mais profundo dos oceanos. Quando se perde um mercado desse tamanho não tem compras governamentais nem crédito que sejam capazes de equilibrar as contas desses produtores afetados. O governo do Estado vai comprar, por exemplo, a produção de calçados da Grendene para fazer o quê? doar toda semana a cada cearense um par de sandálias ou montar uma sapataria estatal? Vai pagar em dólar, lá fora, como os importadores, FOB ou CIF? Risível, para não dizer trágico.
Para os milhares de desempregados sertão afora e famílias em apuros, Lula lá!
Respostas de 4
Máximo respeito ao colega Alan Aguiar, porém, não poderia ler esse texto e não me manifestar, trazendo meu ponto de vista e, assim, dizer que Lula está certo, afinal, o Brasil é soberano e não se dobra, ou não deve se dobrar, a exigências estrangeiras infundadas e desarrazoadas.
Nas últimas semanas, circularam críticas que atribuem ao presidente Lula a culpa por tarifas impostas por Donald Trump a produtos brasileiros, em especial aos exportados pelo Ceará. Trata-se de uma retórica emocional, frágil e, acima de tudo, injusta.
A verdade é que o presidente Lula agiu com a firmeza que se espera de um estadista. E fez o que um chefe de Estado deve fazer diante de uma tentativa de ingerência internacional indevida: defender a soberania nacional e o respeito às instituições democráticas do país.
Escondendo seus reais interesses, a ideia que Trump deseja transmitir, dissimuladamente, é clara!!! Ou seja, ele quer que todos acreditem que seu desejo real é que Lula interfira no Judiciário brasileiro para “livrar” Jair Bolsonaro de suas pendências criminais e ainda pressione o Congresso Nacional para pautar uma eventual anistia. Ou seja, que viole a Constituição, desrespeite os princípios republicanos e submeta o Brasil à vontade de um presidente americano lunatico, ávido por submeter outras nações aos seus caprichos pelo simples desejo de se sentir poderoso!!!!
Lula não cedeu e está absolutamente correto. O Brasil é um Estado soberano, e não uma república de bananas. Aqui, o Judiciário é independente e o Congresso Nacional, apesar de permeado por desprovidos de cérebros, é autônomo. A Constituição brasileira não permite que o presidente da República interfira nos demais Poderes. E qualquer tentativa nesse sentido seria crime de responsabilidade.
As tarifas impostas por Trump fazem parte de uma estratégia protecionista e eleitoreira que ele já aplicou contra diversos países, como China, União Europeia e México. O Brasil não é um caso isolado. A tentativa de vincular as sobretaxas às declarações de Lula ignora essa realidade e serve apenas como instrumento de narrativa ideológica.
Os prejuízos que exportadores cearenses podem enfrentar não decorrem de declarações do presidente da República, mas sim de problemas estruturais, como:
• dependência de um único mercado externo (EUA);
• baixa diversificação da pauta exportadora;
• falta de competitividade internacional em alguns setores.
Aliás, a queda nas exportações do Ceará é anterior às tarifas atuais e resulta de uma combinação de fatores externos e internos que demandam políticas de longo prazo, e não submissão diplomática.
Lula tem a obrigação de buscar soluções internas e diplomáticas para mitigar os impactos: ampliar mercados, oferecer linhas de crédito, fortalecer o comércio com Ásia, Europa e África. Mas jamais se deve esperar que ele negocie a soberania do país em troca de favores comerciais.
Quem defende que o presidente brasileiro deve “calar-se” diante de pressões externas, ou ceder às exigências de Trump, defende a rendição, não a diplomacia.
O Brasil não pode aceitar chantagens. O presidente Lula está no seu papel ao resistir. E age com responsabilidade ao proteger as instituições brasileiras. Defender a soberania não é arrogância, é dever.
Parabéns Alan por mais um comentário sério e inteligente…
A reboque do tarifaço vem o corte de inúmeros benefícios ditos como sociais e projetos inalcançáveis do GF, cujo culpado será a dupla Trump/Bolsonaro, pra não fugir à regra socialista do; eu erro mas o culpado é o outro.
P.s. Parabéns pelo artigo.
Comeu a jabuticaba?