Indispensável à boa e desapaixonada análise do setor do turismo é sempre examinar os números. Eles afastam qualquer tentativa de fraudar os fatos concretos que permeiam o setor, estratagema adotado por gestores públicos encalacrados com suas gestões improdutivas. No caso de Fortaleza os números da mediocridade gritam, mormente quando se examinam os dados operacionais do aeroporto da capital.
Comparando a série histórica do primeiro trimestre, relativo aos anos de 2024, 2023 e 2019, em face da grave afetação negativa dos anos da pandemia (2020, 2021 e 2022), temos que Fortaleza persiste em cavar o fundo do poço que entrou de forma deliberada. A contabilidade de 2019 mostrou uma movimentação total de passageiros que alcançou a marca de 1.875.890, sendo 153.438 em voos internacionais e 1.722.452 em voos domésticos. Em 2024, esse mesmo balanço apontou 1.372.558 de movimentação total, sendo 92.214 chegadas e partidas em voos da malha internacional. Ou seja, quedas dramáticas de 26% e 40%, respectivamente, as quais revelam que o segmento colapsou e mantém-se bem distante dos indicadores pré-pandemia.
Quanto ao comportamento desse mesmo agregado turístico relativo ao período de 2023, os números da FRAPORT indicam um total de 1.515.789 de passageiros, número 10,5% melhor que 2024 e 20% pior que 2019, explicitando uma clara tendência de declínio do destino turístico Fortaleza nos últimos anos. Recortando o fluxo internacional dentro do terminal, o que não significa necessariamente turistas circulando em Fortaleza, têm-se, em 2023, o total de 66.311, o que significa 43% do total de 2019 e de 72% do montante verificado no primeiro trimestre de 2024.
Quando o assunto é turismo e seus efeitos benéficos ou deletérios sobre a economia e a vida das pessoas que dele dependem, não se pode colocar para debaixo do tapete o conjunto de mazelas que afastam essa fonte fundamental de renda extra. Turista é população não residente e endinheirada. O gasto turístico ao longo da extensa cadeia produtiva do setor alimenta milhares de cearenses e poderia alimentar milhões. Mas, na Sartolândia do Estoril da praia de Iracema, preferiu-se adotar uma gestão estéril, que vem impondo a quadra mais longa e cruel de declínio dessa importante indústria do turismo.