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O Novo (RE) Descobrimento Do Brasil

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O Brasil passa por uma nova fase de descobrimento 519 anos depois da primeira. Não, desta vez não são os corajosos navegadores portugueses que singram o Atlântico passando “por mares nunca dantes navegados” para nos descobrir. A descoberta está sendo feita por nós mesmos. Na verdade, na verdade, não é bem uma descoberta, visto que alguns de nós já conheciam os fatos. Parece até que a história de Pinzon se repete.

Deixando o Tratado de Tordesilhas para depois. De modo geral, nós mesmos estamos descobrindo fatos interessantes. Por exemplo, estamos descobrindo que jornalistas não informam (vide a demissão recente da cúpula da Revista Época) e a grande mídia passa fatos como se fossem “torcidas de time de futebol”. Será que a história e os métodos, digamos, não muito republicanos de Assis Chateaubriand estão sendo redescobertos também?

Estamos descobrindo que conglomerados de comunicação cresceram enbolsando polpudas verbas de propaganda do governo federal. Estamos descobrindo também que vários artistas famosos acharam o “caminho das águas”, ou “o caminho das pedras” para engordar substancialmente suas contas bancárias buscando benefícios que deveriam servir para apoiar artistas iniciantes em uma lei criada com intenções realmente nobres; a lei Rouanet. E viva a poesia milionária de Betânia e o seu feito milagroso. Pode ficar certo que ela já deve ter amealhada mais grana com seu blog do que Drummond ganhou durante toda a sua vida como poeta ou tendo trabalhado como funcionário público por mais de 40 anos. Viva também à tecnologia.

Por sinal, por conta da tecnologia, descobrimos que as mentiras de governantes hoje ficam difíceis de serem escondidas e que por conta da velocidade das plataformas digitais que usamos para descarregar imagens, vídeos e notícias em nossos celulares a escatológica vida pregressa dos agentes públicos que nos governam são expostas de forma a não deixar dúvidas mesmo ao mais incauto dos eleitores. A tecnologia nos fez ver recentemente um presidente da república de um dos países com maior economia do mundo conseguir se eleger com um mero aparelho de celular. Aquele aparelhinho rastaquera utilizado por ele e os seus filhotes fez a vez de marketeiros com soldos estelares e agências publicitárias onde toda a sorte de transação financeira era executata (segundo todos os “autos dos processos” da Lava-Jato onde há publicitários, marketeiros e eleições envolvidas). Bem, a campanha de fundo-de-quintal, saiu campeã. Acabou-se o poderio da mídia? Os conglomerados de comunicação estão fadados a passar pelo que passaram as gravadoras de disco desde o início da década passada? As gravadoras presenciaram seus executivos intocáveis, acostumados a ditar normas de mercado, serem esmagados por plataformas abertas de “stream”. Viva ao sonolento rapaz que criou o “Napster” entre um cochilo e outro em sala de aula.

Voltando ao descobrimento, estamos vendo (ou descobrindo) tanta coisa interessante. Como no trecho de Pero Vaz, “nesta terra, em se plantando, tudo dá”. Vimos o país virar refém de organizações que invadem terra com a benção de governantes que usavam seus bonés, suas camisas ou empunham suas bandeiras vermelhas em eventos públicos. Dando a tais organizações a sua benção. Isto só poderia mesmo dar na Terra Brasilis. Mas bem, estamos descobrindo também, talvez tarde, mas antes tarde do que nunca, que o cidadão brasileiro tem o direito de se defender e defender a sua propriedade, claro, dentro dos limites impostos pela lei. descobrimos que o cidadão obediente à lei tem o direito de defender-se com o mesmo poder do bandido que o ataca, não ficando à mercê dos fascínoras ou de uma polícia bem intencionada, mas despreparada e sucateada, que arrisca a vida de seus agentes cotidianamente, deixando-os entregues à própria sorte no combate ao crime nas ruas.

Não podemos esquecer que faz parte do processo de descobrimento, saber que não precisamos de tantas empresas estatais. De pagar salário para concursados que, em algumas situações, cumprem jornadas ridículas de 4 ou 5 horas diárias e ganham salários acima de R$10, R$15 por mês. E por falar em trabalho, cargos e funções: Estamos descobrindo que o presidente da corte suprema do país, foi reprovado duas vezes em concurso público para juiz de primeira instância. Será que é “fake news” ou uma piada de mal-gosto o que descobrimos?! E descobrir que a esposa de outro competente ministro daquela corte se encaixa em funções com polpudos salários em uma empresa de energia binacional? É, temos descoberto muita coisa. Inclusive que quem se elegeu prometendo acabar com a bandalheira se vale do cargo para colocar o filho em um dos postos mais cobiçados da diplomacia brasileira. Descobrimos agora que fritar hamburger e carregar arma na cintura são pré-requisitos ao cargo. Não tem como não descobrir desta forma que estamos presenciando puro nepotismo. Claro, óbvio e escancarado. Como diria minha vó, “quer descobrir quem é uma pessoa? Case com ela”.

E o descobrimento da Amazônia? Este é ótimo. Ela sempre esteve lá, mas recentemente foi descoberta pela França, Alemanha e Noruega. Foi (re)descoberta também por ongs brasileiras que, por suas vez, descobriram que o ocupante do Palácio do Planalto não tá lá pra facilitar a vida de quem ganha (ou ganhava) dinheiro vindo de fora, monitorando e passando dados minuciosos de nossas fauna, flora e recursos minerais. De forma elegante e engajada, pra que não se descubram as verdadeiras intenções, claro. Será que as ongs já descobriram a frase da década de 30 que dizia que “não há almoço gratis”?

Bem, para finalizar, descobrimos que por incível que pareça, entre notícias de desemprego recorde noticiadas por um lado, versus números demonstrativos de maior nível de emprego de outro talvez a realidade de “quem interessa” mostrar as coisas de sua maneira esteja mais clara para todos. Levou mais de 500 anos, mas finalmente o Brasil está se (re) descobrindo. Descobrindo suas aptidões e vilanias. Descobrindo que niguém quer mais ser o “país do futuro”. Descobrindo que as coisas não irão melhorar sem se votar em gente que queira mudar 519 anos de conformismo. Talvez esta redescoberta faça parte da nossa sina.

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Allan aguiar

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