Afinal, para onde devemos olhar para nos certificar se andamos para frente, para trás ou para os lados? Slogans não faltam para as administrações que passaram pelo Abolição, Cambeba, etc. Desde o “governo das mudanças” até os dias atuais do “cuidar das pessoas, avançar o Ceará”, finalmente o que se conseguiu de efetividade na melhoria dos muitos indicadores que medem o progresso social de um povo? Muitos preferem escrever como torcedores apaixonados e otimistas, mesmo o time estando na série “C” por décadas. São poucos os que preferem aprofundar o debate sobre as causas que fazem o Estado do Ceará permanecer na “C” e sem perspectiva alguma de subir para a “B”, muito menos sonhar com a “A”.
Como disse o célebre nordestino Ariano Suassuna, “o otimista é um tolo, o pessimista é um chato e o bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Sendo assim, enquanto temos uma realidade atual nada alvissareira em face de vexatórios indicadores de violência, saúde, nível de competitividade, economia, qualidade dos empregos/renda, turismo e força acadêmica, por outro lado buscamos muletas que sustentem nossas esperanças de que as coisas vão melhorar aqui no Ceará. Mas, quais as agendas que estamos implementando para reverter nossa insignificância no contexto nacional?
A cada ano alguém lança um novo retalho na enorme colcha que se transformou os surrados planos estratégicos de desenvolvimento, os quais tentam orientar as ações do governo local que empurrem o Estado para um futuro socialmente mais ameno. São trabalhos bem rebuscados, sofisticados, cheios de boas intenções e com teses bem conceituadas. O CEARA 2050 e o FORTALEZA 2040 carregam uma agenda digna de “inglês ver”. São objetivos estratégicos tirados dos melhores manuais de plenitude do bem-estar social de países como Dinamarca, Holanda, Bélgica, etc. Qualquer consultor contratado para elaborar um documento do gênero basta apertar o Ctrl-c Ctrl-v de planos de desenvolvimento dessas nações e colocar a capa do Ceará. Contudo, ignoraram que nosso problema é muito mais de GESTÃO que de agenda. Esqueceram que nosso crônico atraso advém muito mais de nossas pífias e sucessivas gestões públicas que desses planos de desenvolvimento cheios de firulas. Não adianta colocar um taxista para pilotar um Boeing e cumprir um plano de voo. Ele não será capaz de fazê-lo e, por mais voluntarioso, tudo pode terminar em tragédia.
Como cantou nosso Rei do Baião, estamos no Ceará e as coisas aqui são diferentes, “no Ceará não tem disso não/não tem disso não/não tem disso não/vocês vão me “adesculpar”/mas “arrepito” essa expressão/no Ceará não tem gestão não/não tem gestão não/não tem gestão não”.
