Turistas morrem em qualquer canto do mundo que visitem. Morte matada ou morte morrida. Acidentes, terrorismo, problemas de saúde, assassinados, às vezes até por outros turistas. Todos lembram da chacina dos portugueses em 2001, barbárie que escandalizou o mundo, cometida por um português que enterrou vivos seis compatriotas seus, na praia do futuro. Até hoje, apesar da atrocidade não levar a assinatura da violência “made in Ceará”, ficou uma mancha indelével na imagem do Estado mundo afora. De lá para cá, muitos outros turistas perderam a vida passeando no Ceará. Morrer no Ceará é um pleonasmo, afinal estamos sempre no topo dos rankings da violência no planeta.
Mas a brutalidade empregada e as circunstâncias do assassinato do garoto paulista de 16 anos, uma criança, que realizava seu sonho de conhecer Jericoacoara, jogou o Ceará e seu “paraíso” praiano no esgoto profundo do turismo global. É notório que o Ceará foi dominado pelo crime e as facções dão as cartas no litoral, serra e sertão, formando um perverso estado paralelo enquanto Elmano, o dono do pântano do “estado democrático” emudece tentando fingir que esse cadáver caído no terreno cearense não está em seu colo. A conduta de Elmano em mais essa tragédia cearense, ignorando a ocorrência repugnante, revoltante e humilhante para todos os cidadãos cearenses, é merecedora da mais ampla indignação. O garoto fez o gesto da morte, foi desovado na lagoa negra e o governador não faz gesto algum, nem sinal de vida. Pobre Ceará, estamos perdidos.
