O primeiro semestre deste ano foi marcado pelo mais dramático patamar de desempenho do destino turístico Fortaleza frente aos de Recife e Salvador. Em um dos mais importantes indicadores da atividade turística, no caso a movimentação total de chegadas e partidas nos principais aeroportos da região Nordeste, a capital cearense contabilizou números que mostraram uma goleada jamais vista nas análises comparativas entre os aeroportos dessa capitais.
As estatísticas reveladas pelas gestoras aeroportuárias de Fortaleza (FRAPORT), Recife (AENA) e Salvador (VINCI), as quais podem ser acessadas nos sites dessas empresas, apontam para 2,6, 4,6 e 3,9 milhões de passageiros movimentados nesses aeroportos, respectivamente, no período. Por pouco Recife não recebeu o dobro de passageiros que Fortaleza e Salvador colocou uma dianteira de 1,3 milhões de embarques e desembarques a mais que a capital do Ceará. São dados impensáveis, considerando que no passado Fortaleza liderava o receptivo turístico dentre as capitais do Nordeste, com enorme folga para a então terceira colocada (Recife) e ligeira liderança diante da segunda colocada (Salvador). Afinal, quais as causas e consequências desse mais severo declínio do fluxo turístico pelo modal aéreo que Fortaleza já atravessou?
O mais deletério dos efeitos dessa atuação pífia do Turismo é a destruição de postos de trabalho e, com isso, do grau de cidadania das pessoas afetadas. Contudo, outros desdobramentos podem ser fartamente visualizados nos principais corredores turísticos da cidade como, por exemplo, a demolição de hotéis na beira-mar, o fechamento das lojas da Monsenhor Tabosa, a inviabilidade da praia de Iracema, a ociosidade do Centro de Eventos, a inutilidade do CFO, as taxas médias de ocupação, o aviltamento das tarifas da rede hoteleira e o abandono da praia do futuro.
Quanto às causas, é fácil encontrar e debitar boa parte desse descalabro todo à falta de agenda, de gestão, de compromisso e, principalmente, de prioridade política de um prefeito que mantém uma secretaria municipal de turismo acéfala e sem dinheiro para nada além de pagar seu custeio de pessoal. A execução orçamentária da secretaria municipal do turismo, basta examinar, permite entender as razões que fizeram Fortaleza sofrer o inédito vexame de contar com pouco mais da metade dos passageiros de Recife e cerca de 65% dos que passaram por Salvador. Isto, sim, é uma vergonha!