“Eu vi um menino correndo/
Eu vi o tempo brincando ao redor/
Do caminho daquele menino”, como uma Força Estranha.
Na realidade eram meninos que cresceram e se converteram em cidadãos exemplares, pais de família zelosos e profissionais de sucesso. Muitos também seguiram seus caminhos dentro da Igreja, abraçando suas vocações religiosas. Quando meninos foram submetidos a uma instituição que produziu uma experiência tão profunda e profícua que um elo inquebrantável entre eles foi construído para sempre, sobre os alicerces de um passado de aprendizado, disciplina e crescimento pessoal e espiritual.
Todos esses meninos receberam uma instrução religiosa, técnica e acadêmica únicas no Seminário Franciscano de Santo Antônio (Ipuarana), lá em Lagoa Seca, hoje uma cidadezinha que compõe a grande Campina Grande–PB. Em meados do século passado conheceram a profundidade do saber dos mestres alemães que edificaram, no início dos anos 40s, essa que foi uma das maiores fábricas de homens de qualidade intelectual, profissional e humana do Brasil.
Os vínculos ficaram tão intensos e a memória do Seminário tão forte e enraizada que os meninos, tornados homens, decidiram materializar suas boas recordações da escola que balizou suas vidas. Foi então quando eclodiu do coração desses homens o Ipuarana Clube, em Aquiraz–CE, uma espécie de embaixada, sucursal e filial do amado seminário deles. Espaço para encontros, congraçamentos e exercício daquilo que eles mais aprenderam na Matriz lá de Lagoa Seca: saber, ler, rezar, cantar, comer, nadar e jogar, uma bolinha.
Isso foi há 50 anos e eu, filho de um desses meninos, fui testemunha ocular e sensorial da evolução e aprofundamento dos laços de amizade e respeito construídos sobre a rocha do ambiente do seminário. Todos os finais de semana lá estão esses senhores meninos a explorar e debater temas tão profundos que transformam as mesas do Ipuarana Clube nas mais intelectualizadas, agradáveis e amistosas que possa existir.
Nesses 50 gloriosos anos do Clube alguns dos mentores fundadores já partiram, deixando um saudoso e admirável legado de fé e amizade. A memória de cada um desses meninos sempre repousará sobre a copa das árvores, já senhoras, plantadas e cultivadas com tanto amor. Que seus espíritos estejam sempre incorporados nas novas gerações, perpetuando o clube, seu significado e seus objetivos, afinal essa “Mocidade Não Volta Mais/Nunca Mais Volta!”.