Cabe, antes de tudo, registrar que “Poste” virou um adjetivo pejorativo utilizado para classificar postulantes a cargos majoritários tirados da cartola de lideranças que controlam votos e partidos políticos. Sendo assim, de “poste” em “poste” se faz a política e as eleições. O povo gosta de eleger novidades (“postes”). Não se sabe ao certo quem veio primeiro, o “poste” ou a “rua”. Quem nunca foi um “poste” na vida? Alguns afirmam que o Totó foi o primeiro “poste” pós-regime militar, inventado pelo último coronel com patente que governou o Ceará, o Virgílio Távora. Após este, lançaram outro “poste” chamado Tasso que mais tarde lançou seu próprio “poste” de nome Ciro, que lançou seu irmão “poste” Cid, que apoiou o super “poste” de Lula, o Camilo, que inventou os “postes” Elmano e Evandro.
Candidatos são, cada vez mais, produtos políticos embalados pelos marqueteiros e lançados no mercado de consumo das eleições para venderem expectativas de uma vida melhor para o povo em geral. São vendidos na propaganda eleitoral como complexos vitamínicos que servem para tudo, desde mais educação, segurança, saúde, transportes e habitação até aos autistas, aos LGBTQIA+, aos idosos, aos pets e aos demais gregos & troianos. Quando o produto já foi comprado na última eleição e funcionou, pelo menos parcialmente na cabeça da maioria, a tendência do consumidor é comprar ele novamente. Quando não funciona, como o Sarto, outro “poste” do Ciro, o consumidor migra para algum outro produto novo na praça. Neste caso a chance dos novos “postes” cresce muito. Nesta eleição, dois novos “postes” (duas novidades) prometem agitar o segundo turno: André e Evandro, sendo o primeiro um “poste” camuflado do Bolsonaro e o segundo um “poste” explicito do Lula. Outro exemplo que poderá entrar nos anais das campanhas é o fenômeno de São Paulo que tem um “poste” rejeitado chamado Pablo Marçal, que promete abalar o establishment no segundo turno.
Quanto a produtos que sempre estão nas vitrines eleitorais a cada dois anos e não conseguem ser comprados, mesmo sendo “postes” de si mesmo, resta claro que quem manda na campanha (seus marqueteiros) não soube posicionar bem eles no mercado. Vacilaram no tráfego “produto, apelo, canal, cliente” e permitiram que suas pautas fossem absorvidas pelos “postes”, sendo estes comprados em seu lugar. Outro fator do encalhe desses produtos é a gestão precária e ingênua dessas campanhas.
Contudo, uma coisa é certa, os “postes” eleitos que conseguiram dar à luz e eleger seus próprios “postes” são exatamente aqueles que romperam com seus criadores. Os demais, que insistiram em permanecer “postes”, desapareceram por completo da cena eleitoral ou vivem hoje nas franjas dos cargos secundários do poder, ou fazendo “consultoria” junto ao setor público.