A BR 116 está um tapete, não no Ceará, mas a partir de Pernambuco e até o final dos seus 4.660 Km de extensão. A maior rodovia brasileira começa em Fortaleza/CE e termina em Jaguarão/RS, já na divisa do Brasil com o Uruguai. Os 542 Km cearenses da BR 116 está em ruínas desde nosso município mais ao sul, que é Penaforte/CE, até Fortaleza/CE. Quanto mais próximo a Fortaleza maior é o caos produzido pelos buracos e a agonia de quem transita pela principal artéria rodoviária do Ceará. Essa rodovia, mesmo sendo federal, explicita os resultados das prioridades eleitas pelo Governo do Estado. Será que a mentalidade do “quero que o mar pegue fogo para comer peixe assado” orientou o então estadista do governo cearense? Que tipo de político, mesmo inebriado de ideologias, não lutaria com garra e energia para nossa principal infraestrutura de escoamento de cargas e passageiros rodoviários manter-se em perfeitas condições de uso?
Assistir as arriscadas piruetas diárias das centenas de caminhoneiros tentando em vão não furar seus pneus e quebrar seus caminhões no trecho camiliano da BR 116 é algo repugnante e nos remete a reafirmar nossas convicções de que o Ceará não tem jeito. A taxa de incompetência da administração pública estadual não tem limites. O governo do estado é muito fraco, anacrônico, analógico e superado. Nem a artéria central do organismo da economia cearense é tratada com a mínima responsabilidade. Era para os responsáveis pelo desenvolvimento econômico do Estado, tendo Camilo a frente, darem plantão diariamente no DNIT e articular o envio dos recursos das emendas parlamentares individuais e de bancada para manter a BR 116 um tapete duplicado ao longo de todo o trecho cearense. Se apenas os parlamentares votados nos municípios cortados pela BR 116 destinassem verbas federais, juntamente com emendas de interesse estratégico do governo do estado, haveriam recursos suficientes para converter nossa 116 em verdadeira “highway” ligando nosso Estado ao próspero sudeste do Brasil.
O Ceará é um Estado situado no norte do Nordeste do Brasil. É longe dos principais centros produtores e consumidores. O modal rodoviário ainda domina o fluxo de mercadorias. Esse infarto da nossa artéria central é mais um absurdo que se soma a galeria das sandices do governo Camilo. Boa parte do que compramos ou vendemos passa pela BR 116. Sem embargo do modal portuário ou aéreo, são pelas estradas que correm os negócios com o mercado doméstico. Como o Ceará vai conseguir ser competitivo tendo que carregar, às costas, um custo desse tamanho? Enquanto o atual modelo de desenvolvimento econômico do Estado, originado no século passado, só fala de um futuro que não chega, em forma de Hub logístico, aéreo, portuário e tecnológico, os dinos do Estado negligenciam o modal que garante o pão nosso de cada dia. Sequer asfaltam a nossa principal via de conexão com o resto do Pais.
Pelo atual estado deplorável de conservação da BR 116 nota-se que o descaso advém de muitos anos em que Camilo e seu séquito não pegam a BR 116 para chegar no Cariri nem nas cidades do vale do Jaguaribe. De jatinho não tem como ver, muito menos sentir, os buracos por onde o eleitor vida de gado que o elegerá senador passa todos os dias,
“Eh, oh, oh, vida de gado/Povo marcado, eh!/
Povo feliz!” como cantou Zé Ramalho.