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Ed. SÃO PEDRO: VAI PRA CONTA DO ESTADO?

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É um déjà vu: sempre que não se vê solução fácil para uma edificação – no caso,
o impasse gerado por decisões judiciais ligadas ao tombamento – logo vem a
velha receita: o Estado que desaproprie, reforme e instale um equipamento
cultural…
No caso do Ed. São Pedro, tal solução seria absurda: construído pelo industrial
pioneiro Pedro Philomeno, o São Pedro não é obra de valor arquitetônico a ser
considerado. Philomeno fazia seus próprios projetos e tnha gosto por um estilo
que podemos chamar de náutico, por falta de outra definição. As soluções de
planta são complexas e improvisadas: o São Pedro tem 12 ou 13 caixas d’água,
tem um pavimento (4º ou 5º?) onde só há escada pra subir, e não pra descer
(ótmo pra filme de suspense!), não tem subsolo, ocupa todo o lote, mal deixa
espaço para passeios mínimos que penalizam o transeunte, tem formato
larguíssimo em sua base, com poços internos para cômodos sem ventilação e
iluminação natural, e por aí vai…


Então, para que preservá-lo? A fachada faz parte da paisagem afetiva da região,
é fato, mas é fácil fazer referência a ela numa obra nova. Fizemos isso no Ed.
Casa Rosa, na Leonardo Mota com República do Líbano, com um projeto que
reconstruiu a bela e singela casa projetada pelo pastor batissta americano
Burton Wolfe Davis, o nosso Mr. Davis, que a pedido do seu amigo e jornalista
Álvaro Mota, irmão do escritor Leonardo Mota, desenhou uma casa que remete a às mansões do Sul dos Estados Unidos, celebrizadas entre nós pelo
filme E o Vento Levou. Era kitsch, não era arquitetura originária, mas merecia
ser preservada pela sua qualidade arquitetônica, e foi o que fizemos:
reconstruída a casa na base da obra nova, a arquitetura se adaptou para a
obtenção de um conjunto harmônico – aí não mais uma opção kitsch, mas de
manutenção da paisagem afetiva do bairro. Fácil fazer o mesmo com o São
Pedro – e sem o uso de verba pública.


O edifício está em estado crítico, já causou mortes, tem problemas insolúveis
na sua concepção e não justifica uma recuperação caríssima e de resultado final
precário. Para a criação de um Distrito Criativo, temos soluções ali bem ao lado,
onde quadras inteiras na Rua Tabajaras e adjacências parecem ter sido feitas
para coworkings, institutos ligados à criação, agências de propaganda, praças
de alimentação – inclusive estimuladas pelo incentivo do ISS reduzido, já criado
pela Prefeitura. E tudo a custo baixo, com o uso de estruturas metálicas e de
arquitetura criativa para uma área tão bela, pedindo para ser reinventada!


Transformar o Ed. São Pedro em torre vertical segura, de vocação turística, com
recuos arborizados, estacionamento e recursos modernos, fazendo referência
ao velho edifício em sua arquitetura, com uma galeria com referências
fotográficas ao velho prédio e aos eventos sociais que aconteceram ali, é papel
para o capital privado – sob a aprovação dos órgãos competentes. Basta de
empurrar na goela estatal questões que não tem solução fácil. Afinal, ao
contrário do que se imagina, o Estado não tem dinheiro: todo o seu orçamento
é extraído do trabalho do cidadão, na forma de impostos, e deve ter o objetivo
primaz de fomentar a educação e mitigar a chaga da bárbara desigualdade,
fonte de nossas mazelas e aflições.


Jayme Leitão, Arq.

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